sábado, 3 de setembro de 2011

Eduardo Galeano tem um conceito de história muito interessante que apresenta em Sangue Latino. Segundo ele: "E eu acredito que sim, o mundo deve estar feito de histórias, porque são as histórias que a gente conta, que a gente escuta, recria, multiplica. As histórias são as que permitem transformar o passado em presente e que, também, permitem transformar o distante em próximo. O que está distante em algo próximo, possível e visível". Dessa forma, Galeano dá um caráter móvel à história. Dessa forma a história passaria por diversas camadas da sociedade humana, com o potencial ainda de se transformar, recriar, permanecer ou se alterar. Tão móvel quanto o ser humano é. Esse conceito dá total ideia de movimento à história, e também à produção dela, visto que o historiador também é móvel e ativo, capaz de fazer diversos movimentos e tomar infinitas decisões.

Hannah Arendt remete a existência da história desde a existência de seres humanos (leia-se homo-sapiens). Esse debate tem, inclusive, provocado discussões na academia em relação ao termo pré-história, levando em consideração que, para alguns, o termo pré-história é preconceituoso, porque o "pré" pode gerar um significado como algo "menos que história".

Todos os seres humanos são produtores da história. Infelizes são os historiadores fossilizados que acreditam que esse mérito é apenas nosso. O ser humano com inúmeras possibilidades, tem a possibilidade de produção da história, e isso nós fazemos muito bem. Para produzir e dar significado à história não é preciso escolaridade, alfabetização ou níveis sociais e econômicos. Qualquer um pode fazer isso, sério, e todos fazem (really). Para produzir história, basta ter memória.

Qual é a sua história? De onde você veio? O que você aprendeu? O que você ouviu e o que você tem a dizer? Principalmente, o que você tem a dizer? A história não é apenas feita de silêncios (embora nós o aceitemos como possibilidade de discurso), mas também é feita de vozes, sussurros, gritos estridentes, pedidos de socorro, risos alegres e gemidos. E a história, aliada ao ser humano como princípio transformador, pode ajudá-lo a transformar a própria vida. E nisso, a história também se transforma, aceitando cada vez mais essa mobilidade e afastando-se de lugares-comuns.
 
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