sábado, 10 de março de 2012



No dia 26 de fevereiro jovens atearam fogo em dois mendigos na cidade de Santa Maria - DF. O mandante do crime ofereceu R$100,00 para que a barbárie fosse realizada. Motivo? O machinho era comerciante, e não gostava de ter moradores de rua "atrapalhando" seus negócios. Um dos homens faleceu com 63% do corpo queimado, e o outro ficou hospitalizado em estado grave. veja mais aqui

A galerë supimpa da cidade achou um absurdo. O assassinato do índio Galdino foi relembrado, morto também, por jovens que o confundiram com um mendigo, como se isso amenizasse a culpa por tirar a vida de outro ser humano. Membros da classe média também se revoltaram, alegando achar o crime uma monstruosidade e blábláblá whiskas sachet. E hoje, dia 10 de março, mais dois moradores de rua foram mortos a tiros no Areal .

Que a maioria das pessoas acham um absurdo matar mendigos com gasolina e fósforo, ninguém duvida. Mas ninguém admite o fato de que, em Brasília, ninguém gosta de mendigos. Nem a classe média alta do Plano Piloto e adjacentes, e nem pequenos comerciantes da nossa periferia. Me lembro que, ainda em fevereiro, presenciei um casal relatando como que tiravam mendigos de perto de sua residência. Perguntei o que os moradores de rua faziam, se estavam roubando, se estavam transformando o local em boca de fumo ou ponto de tráfico... Não souberam me responder, mas a mulher se mostrou muito incomodada com o fato dos filhos deles brincarem no mesmo parquinho que a filha dela. Me lembro, também, do dia em que quase fui queimada na fogueira da santa inquisição virtual de um fórum quando disse que achava um absurdo chamarem a polícia para retirarem mendigos sem eles terem feito nada. Mas as pessoas fazem isso, chamam a polícia para tocarem mendigos para fora, e no planalto central o único fato de ser sem teto é o suficiente para você ser considerado um criminoso. Se o sem teto em questão comete algum delito, é um plus a mais: "Se tivéssemos chamado a polícia antes, ele não teria acendido essa pedra de crack" Responde a classe média a qual pertenço. No sudoeste chegaram a fazer campanha para afastar os moradores de rua do bairro, com o discurso do "não dê esmola, dê oportunidades". Eu também sou favorável a esse ponto de vista, mas o problema são as motivações que levaram a isso. Nesse caso, os moradores do sudoeste não estavam a fim de fazerem o bem, eles só não queriam mais mendigos por lá.

As razões que fizeram o comerciante de Santa Maria ser mandante de um crime brutal são as mesmas que fazem famílias do Plano Piloto chamarem a polícia: preconceito e discriminação. A diferença é que um mandou matar, enquanto os outros deixam o problema a cargo do cacetete dos policiais.

domingo, 29 de janeiro de 2012





Eu: Se não for para gostar de graça, qual a graça em gostar?
 
Clarice: E se me achar esquisita, respeite também. até eu fui obrigada a me respeitar.

Caio: Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo, repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se fosse nada.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012



Eu me lembro quando estourou a bomba na mídia: Marcelo Camelo e Mallu Magalhães estariam namorando. Acho que na época Mallu tinha uns 16 anos e o Camelo mais de 30. Mallu ainda era a menininha que não sabia dar entrevistas, cantava tchubaruba e tinha fama de retardada. Camelo era o ídolos dos pseudo-cults brasileiros, ou apenas um cara velho e hipponga com uma barba nojenta. Quando saiu a notícia do possível romance entre os dois, eles tinham acabado de lançar uma faixa no cd de Camelo, intitulada "Janta". Falaram que Camelo "jantou" Mallu.

No show, eles se abraçaram. Era apenas um abraço, mas todos julgaram o abraço imoral. Era um abraço estranho, tinha sentimento demais, emoção demais. As pernas do Camelo estavam trêmulas, Mallu estava chorando. Aquele era um abraço pornográfico e a música que cantaram posteriormente era igualmente pornográfica. Fudeu.

De repente, Mallu foi chamada ainda mais de retardada, só que dessa vez, uma retardada puta. Camelo ficou entre o lobo mau comedor da chapeuzinho e o velhinho de praça tarado. Viraram chacota nacional.

Em meio a isso, os dois estavam evoluindo na troca mútua. Mallu já gostava do trabalho de Camelo, Camelo começou a admirar o trabalho de Mallu. Um atiçava a criatividade do outro, e quem consegue inspirar criatividade em alguém, tem força suficiente para se fazer eterno.  Eles realmente se gostavam, apesar da imagem ser meio torta, meio improvável. Mas foi dentro da estranheza que se tornaram um casal bonito, e para alguns, o casal mais bonito. E já eterno, graças às músicas.

Claro que ainda existem as piadinhas e o 0,01% da população que continua achando os dois feios demais juntos. A maioria simplesmente esqueceu e deixou pra lá, enquanto uma outra minoria suspira, torcendo para que mais amores tortos dêem certo, pela simples beleza do improvável.  

 
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