sexta-feira, 21 de outubro de 2011



Até pouco tempo atrás eu não era a mais estudiosa, nem a primeira da turma, e confesso que repeti de ano algumas vezes e que estive no "mobral". Em algumas matérias eu era realmente ruim, e em outras dava para segurar. História era a única disciplina que eu mandava realmente bem, e sempre a estudei (ou não estudei) de forma muito particular. É fato que aprendi mais história fora da sala de aula do que dentro dela.

Quando entrei na faculdade com recém-comemorados 18 anos, ou seja: uma fedelha sem nada na cabeça, não entendi muito bem o que acontecia ali. Eu sabia porque estava lá: eu queria estudar história. Mas não sabia que eu teria que me deparar com textos densos e teorias chatas. A verdade é que passei o primeiro semestre dormindo em todas as aulas do segundo horário, o que fez com que alguns professores não fossem com a minha cara de imediato. E o pior de tudo: eu era muito cara de pau. Não bastava dormir nas aulas, eu tinha sempre que, repentinamente levantar do nada, fazer algum comentário sobre a matéria, e voltar a dormir. Geralmente eles ficavam com cara de tacho - foi o que meus colegas disseram anos mais tarde.

A verdade é que no início não botaram muita fé em mim. Eu gostava de II Guerra Mundial, andava com o Mein Kampf por aí, e ainda por cima era contra as cotas raciais. Rolou até um boato de que eu era neo-nazista, e acreditem, nada é mais queima-filme em um curso de história do que ser conhecida como "a neo-nazista". É  a mesma coisa que ser o Nessahan Alita em um curso de estudos de gênero. Eu não era flor que se cheirasse.

Mas por algum motivo doido eu mandava bem naquilo lá. É verdade que fiquei longe de ser a mais responsável, mas eu compensava com o pouco de possível genialidade. Não, eu não era genial, apenas tinha lapsos geniais que volta e meia os outros percebiam, volta e meia não. Na maioria das vezes percebiam sim, pelo menos o suficiente para eu me formar com um histórico esteticamente admirável. Ou seja, não adiantou que não gostassem de mim ou que as teorias fossem chatas e os textos densos demais. Eu continuei fazendo aquilo que me propus a fazer, da mesma forma como continuo fazendo, mesmo com todos os obstáculos.

É foda todo esse lance de competitividade e escassez de oportunidades, uma vez que eu só consigo me enxergar fazendo isso. Não tem jeito, eu quis a história, a história me quis. Amor à primeira vista não acaba assim. Posso não ter conquistado a empatia dos historiadores, mas a história sempre me esteve de braços abertos. E só isso basta.





 
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