terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Ele era meu colega de colégio, riquinho, burro e crente. Era um verdadeiro idiota, juro. Vivia de topete se enturmando com todos, forçava amizade, por anos forçou comigo, e fazia o favor de me acompanhar todos os dias no ônibus. Infelizmente pegávamos a mesma linha. Infelizmente o aguentei durante todo o ensino médio e parte do ensino fundamental. Felizmente ao terminar o colégio, perdemos contato.

Um dia ele arrumou uma namorada. E vivia mostrando a foto dela para todos, e as cartas de amor trocadas também, cheias de erros gramaticais. E dizia que ela era rica, que o sogro tinha uma casa em cada capital brasileira, e que eles iam à Europa todo ano. A mentira era tão absurda que acho que nem o Eike Batista tem uma casa em cada capital. Começamos a desconfiar.

Ele fez um churrasco em comemoração a sabe-se lá o que. Eu fui, meus amigos foram, e não tinha cerveja no churrasco crente. E Diante do Trono ficou tocando durante horas. E o churrasco estava completamente boring. A namorada dele, ryca e phyna estava lá. A menina era um amor. A menina era boa demais para ele. A menina estava chamando a empregada da casa de mãe. A empregada da casa ERA a mãe da menina.

Ele tinha vergonha da condição social da namorada, mas eu - e todos os outros - enxergavam mais motivos para ela ter vergonha dele do que o contrário. Ela era boa demais para ele. Ela era inteligente e bonita, e ele era burro e feio. O deixamos ciente disso.

Meses depois ele levou um pé na bunda. Bem merecido, diga-se de passagem.
 
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